O ACOLHIMENTO
O acontecimento de uma gravidez, para determinados casais ou famílias, é sempre um momento de sentimentos muito intensos e especiais. Seja uma gravidez planejada, querida ou desejada no momento de sua descoberta, ou rejeitada, isso certamente terá conseqüência para a forma como esta criança será recebida pelo ambiente familiar. Esse momento, que no senso comum, é idealizado para ser visto como algo especial, miraculoso, maravilhoso e de felicidade, em muitos casos, está permeado por sentimentos negativos; de medo, de angústia, de agressões e desafeto. São sentimentos, às vezes até contraditórios, que podem até coexistirem num mesmo momento e que torna os relacionamentos interpessoais em família algo bem complicado.
O desenvolvimento infantil saudável é sensivelmente marcado pelo acolhimento familiar nos momentos mais elementares da vida. A forma como a criança é acolhida por sua família, vai ser determinante no seu crescimento e desenvolvimento bio-psico-sócio-cultural.
O acolhimento precoce sentido no meio social aonde a criança chega pode ser determinante no seu processo de desenvolvimento ao longo da vida. Além disso, esse novo ser também altera o meio com a sua chegada provocando sensações e mudanças.
A tarefa de formar vínculo entre o recém-nascido e o seu meio social pode ser facilitada com atividades simples que estão no sentimento de amor e de carinho que desde muito pequeno o bebê percebe como lhe sendo agradável. Conversar com o bebê, colocar músicas suaves e fazê-lo participar dos eventos da família, com bom senso, só ajudam isso acontecer.
É importante que seja oferecido a este novo ser um ambiente acolhedor dentro do qual possa se sentir bem, seguro e acarinhado. Por isso, a fala e a conversa podem ser formas interessantes de acalentar e de acolher o bebê. Converse com seu bebê. Fazendo isso, estamos na verdade, reencontrando o velho hábito que os nossos antepassados tinham de transmitir as novas gerações experiências e conceitos.
Para que estejamos aqui hoje interagindo com o meio coletivo do qual fazemos parte dependemos de uma legião incalculável de pessoas e criaturas que sobreviveram antes de nós: as guerras, as pestes e aos acidentes com fenômenos naturais. É re-significando o conteúdo socialmente transmitindo e quebrando determinados sistemas de crença que tornamos possível a transformação de uma realidade e de comportamentos e relacionamento. O ser humano morre e adoce por falta de amor.
O uso da atividade de contar histórias nesse sentido tem como objetivo a construção da identidade e a melhoria do relacionamento entre a família e o bebê ainda no útero e depois do nascimento, o que é estruturante na qualidade futura de adaptação as adversidades e frustrações ao longo da vida.